O EMPIRISMO INGLÊS

 

            A palavra empirismo vem do grego emperia, que significa experiência, o empirismo, ao contrário do racionalísmo, enfatiza o papel da experiência sensível no processo do conhecimento.

 

                                                  FRANCIS BACON

 

Francis Bacon ( 1561 – 1626 ), segundo a tradição empirista inglesa que remota a Roger Bacon ( séc. XIII ), realça a significação histórica da ciência e do papel que ela poderia desempenhar na vida da humanidade. Seu lema saber é poder mostra como ele procura bem no espírito da nova ciência, não um saber contemplativo e desinteressado, que não tenha um fim em si, mas um saber instrumental, que possibilite a dominação da natureza, começa a ideal prometéico ( relativo a Prometeu, figura da mitologia grega que roubou o fogo dos deuses para dá-la aos homens, simboliza o advento da técnica ) da ciência.

Daí o interesse pelo método da ciência, na obra Novum Organum ( Novo Órgão, no sentido de instrumento de pensamento ), Bacon critica a lógica aristotélica, opondo ao ideal dedutivista a eficiência da indução como método de descoberta.

Inicia pela denúncia dos preconceitos e noções falsas que dificultam a apreensão da realidade, aos quais chama de ídolos.

Os ídolos das tribos estão fundados na própria natureza humana, na própria tribo ou espécie humana ( . . . ) Todas as percepções, tanto dos sentidos como da mente, guardam analogia com a natureza humana e não com o universo. Isso significa que muitos dos nossos enganos derivam da tendência ao antropomorfismo, ou seja esses ídolos ou imagem são as responsáveis pela formação de opiniões cristalizadas e de preconceitos, que impedem o conhecimento da verdade, os quatro ídolos são estes :

 

·        Ídolos da Caverna,  as opiniões que se formam em nós por erros e defeitos de mais fáceis de corrigir por nosso intelecto, assim podemos concluir que cada homem tem uma caverna ou uma cova que intercepta e corrompe a luza da nossos órgãos dos sentidos seja pela nossa educação ou nossa natureza. São os natureza :

·        Ídolos da Tribo,  são as opiniões que se formam em nós em decorrência de nossa natureza humana, esses ídolos são próprios da espécie humana e só podem ser vencidos se houver uma reforma da própria natureza humana :

·        Ídolos do Fórum, são as opiniões que se formam em nós como conseqüência da linguagem e de nossas relações com os outros. São difíceis de vencer, mas o intelecto tem o poder sobre eles :

·        Ídolo do Teatro,  são as opiniões formadas em nós em decorrência dos poderes das autoridades que nos impõem seus pontos de vista e os transformam em decretos e leis inquestionáveis. Só podem ser refeitos se houver uma mudança social e política :

 

Francis Bacon desenvolve um estudo pormenorizando da indução a partir do caráter estéril do silogismo e insiste na necessidade da experiência e da investigação segundo métodos precisos.

Suas falhas estão em não Ter construído um sistema completo, e seus exemplos de indução são menos exatos que o método indutivo-dedutivo de Galileu. Além disso, a física de Bacon permanece nas qualidades corporais, não recorrendo à matemática, mérito que coube também, e sobretudo a Galileu.

 

 

                                          JOHN   LOCKE

 

 

John Locke ( 1632 – 1704 ) tornou-se conhecido pela contribuição como teórico do liberalismo. Sua reflexão a respeito da teoria do conhecimento parte da leitura da obra de Descartes e consiste em sabre qual é a essência, qual a origem, qual o alcance do conhecimento humano.

Entretanto, na obra Ensaio sobre o entendimento humano, Locke deixa o caminho lógico percorrido por Descartes e escolhe o psicológico. O professor Garcia Morente explica “ A origem de uma idéia, como a idéia de esfera, pode ser considerada psicologicamente ou logicamente. Psicologicamente estudaremos as sensações, as percepções que puderam produzir naturalmente, biologicamente, em nós, a noção de esfera, por exemplo, Ter visto objetos dessa forma, naturais ou artificiais. Mas outro sentido da palavra origem é considerar a esfera como originada pelo movimento de meia circunferência girando ao redor do diâmetro.

Locke, escolhendo o caminho da psicologia, distingue duas fontes possíveis para nossas idéias, são elas :

·        A Sensação -  é o resultado da modificação feita na mente através dos sentidos :

·        A Reflexão  -  é a percepção que a alma tem aquilo que nela ocorre :

 

Portanto, a reflexão se reduz apenas â experiência interna do resultado da  experiência externa produzida pelas sensação.

O que ocasiona a produção de uma idéia simples na mente é a qualidade do objeto. Há qualidades primárias, como a solidez, a extensão, a configuração, o movimento, o repouso e o número, e qualidades secundárias ( cor, som, odor, sabor e etc... ), que provocam  no sujeito determinadas percepções sensíveis. Enquanto as primárias são objetivas, pois realmente existem nas coisas, as secundárias variam de sujeito para sujeito e, como tais, são relativas e subjetivas.

O sujeito, através da análise, ata e desata as idéias simples, produzindo as idéias complexas. Estas, já que são formadas pelo intelecto, não têm validade objetiva. São nomes de que nos servimos para denominar e ordenar as coisas. Daí o seu valor prático, e não, cognitivo. Se estabelecermos uma comparação com o processo cartesiano de conhecimento, podemos dizer que, enquanto Descartes enfatiza o papel do sujeito, Locke enfatiza o papel do objeto.

Locke critica as idéias inatas de  Descartes, afirmando Qual a alma é como uma tabula rasa ( uma folha aonde não há inscrições ), como uma cera onde não houvesse qualquer impressão. E o conhecimento só começa após a experiência sensível. Se houvesse idéias inatas, as crianças já as teriam, além disso, a idéia de Deus não se encontra em toda parte, pois há povos sem nenhuma representação de Deus ou, pelo menos, sem a  representação de um ser perfeito.

 

 

                                    David Hume

 

            David Hume ( 1711 – 1776 ), filósofo escocês. Leva mais adiante o empirismo de Francis Bacon e Locke, partindo do princípio de que só os fenômenos são observáveis e de que o mecanismo íntimo do real não é  passível de experiência, afirma que as relações são exteriores aos seus termos, ou seja, se não são observáveis, não podem pertencer aos objetos. As relações são simples modos que o homem tem de passar de um objeto a outro, de um termo a outro, de uma idéia particular a outra. São apenas passagens  externas que nos permitem associar os termos a partir dos princípios de causalidade, semelhança e contigüidade.

Assim, Hume nega a validade universal do princípio de causalidade e da noção de necessidade a ele associada. Para Hume, o que observamos é a sucessão de fatos ou a seqüência de eventos, e não o nexo causal entre esses mesmos fatos ou eventos. O que nos faz ultrapassar o dado e afirmar mais do que pode ser alcançado pelo experiência é o hábito criado através da observação de casos semelhantes. A partir deles, imaginamos que o fato atual se comportará de forma análoga.

A única base para as idéias ditas gerais, portanto, é a crença, que, do ponto de vista do entendimento, faz uma extensão ilegítima do conceito.

 

Conclusão

 

Vimos que, no século XVII, a partir dos problemas gnosiológicos ( relativos ao conhecimento ), surgem duas correntes opostas, o racionalismo e o empirismo. Exagerando, poderíamos dizer que o recionalismo é o sistema que consiste em limitar o homem ao âmbito da própria razão, e o empirismo é o que limita ao âmbito da experiência sensível. Isso não quer dizer que o racionalismo exclua a experiência sensível, mas esta é apenas a ocasião do conhecimento e está sujeita a enganos. A verdadeira ciência se perfaz no espírito. Para o empirismo, ao contrário, a experiência é fundamental, e o trabalho posterior da razão está a  ela subordinado. Como conseqüência, os racionalistas confiam na  capacidade do homem de atingir verdades universais, eternas, enquanto os empiristas terminam por questionar o caráter absoluto da verdade, já que o conhecimento parte de  uma realidade infieri ( isto é, em transformação constante ), sendo tudo relativo ao espaço, ao tempo, ao humano

 

Bibliografia

 

 

Aranha, Maria Lúcia de  A. e  Martins, Maria

Helena  P. Filosofando, introdução à filosofia

1.      ed. São Paulo, Moderna, 1986.

 

Temas de filosofia. São Paulo, Moderna, 1992.

 

Bochenski, Joseph M. Diretrizes do pensamento

Filosofico, São Paulo. Herder, 1964.

 

Contrim, Gilberto fundamentos da  filosofia

Ed.Saraiva

 

Chaui, Marilena, Convite a  Filosofia

Editora  Ática

 

 

 

 

 

Exercícios

 

01.    Levante as características do racionalismo cartesiano.

02.    Levante as características do empirismo.

03.    Para Locke, de onde vêm as idéias simples  ?  E, as complexas?

04.    Qual o papel da crença para Hume?

05.    Explique como Francis Bacon definiu a sociedade em ídolos?

   

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